quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A Visão de Cada Um

Dois homens, muito enfermos, ocupavam uma mesma enfermaria em um grande hospital. Sua única comunicação com o mundo de fora era uma janela. Um deles tinha a sua cama perto da janela e todos os dias, tinha permissão para se sentar em sua cama, por algumas horas. Tudo como parte do tratamento dos pulmões. O outro, cuja cama ficava do lado oposto do pequeno cômodo ficava o dia todo deitado de barriga para cima.
Todas as tardes, quando o homem cuja cama ficava perto da janela era colocado sentado, ele passava a descrever para o companheiro de quarto o que havia lá fora.
Falava do grande parque, cheio de grama verde, de árvores frondosas e flores mais além, em canteiros bem cuidados. Descrevia o lago, onde havia patos e cisnes.
Falava das crianças que jogavam migalhas de pão para as aves, e dos barcos de brinquedo que coloriam as tardes de verão.
Falava dos casais de namorados que passeavam de mãos dadas entre as árvores, dos jogos de bola muito disputados entre a criançada.
Dizia que além da linha das árvores, ele podia ver um pouco da cidade, o contorno dos altos prédios contra o azul do céu.
O homem somente escutava e escutava. Houve um dia em que ouviu, preocupado, o caso de uma criança que quase caiu no lago, sendo salva a tempo por sua mãe.
Num outro dia, a descrição minuciosa foi a respeito dos lindos vestidos das moças que saudavam a primavera em flor.
O homem deitado quase podia ver o que o outro descrevia, tantos eram os detalhes e a emoção do companheiro sentado. E, aos poucos, foi se tomando de inveja. Por que somente o outro, que ficava perto da janela, podia ter aquele prazer? Por que ele também não podia ter aquela mesma oportunidade? Enquanto assim pensava, mais se envergonhava e, no entanto, não conseguia evitar que tais pensamentos o atormentassem.
Certa noite, enquanto estava ali olhando para o teto, como sempre, perceber que o outro começou a passar mal. Acordou tossindo, parecendo sufocar. Com desespero, o botão de emergência foi acionado. As enfermeiras correram. O médico veio. Nova aparelhagem respiratória foi providenciada, mas tudo em vão. O homem morreu. Pela manhã, seu corpo sem vida foi retirado dali. Então, o homem que permanecia sempre deitado, pediu para que o colocassem na cama do outro, próximo da janela.
Logo que assim foi feito e a enfermeira saiu do quarto, ele fez um grande esforço, apoiou-se sobre o cotovelo, na tentativa de se erguer no leito. A dor era intensa mas ele insistiu. Com muita dificuldade, ele olhou pela janela e viu... apenas um enorme, alto e feio muro de pedras nuas.
A vida tem o colorido que a pessoa lhe dá. A paisagem se torna cinzenta ou plena de luz de acordo com as lentes de que se serve a pessoa que a olha. Sofrer a enfermidade e se fechar na dor ou enfeitar de vivas cores o quadro em que se vive, é opção individual.
Há os que sofrem pouco e se desesperam, aumentando, desnecessariamente, sua carga de dissabores, com as lentes escuras e sombrias de que se servem para contemplar tudo e todos. Há os que sofrem muito e vivem tranquilos, padecem com serenidade.
Qual a diferença? As lentes com que olhamos o mundo ao nosso redor. Reflitamos nisto, e louvemos a Deus por tudo que nos deu.

(Autor ignorado)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Uma sábia decisão

A pregação do evangelho deve ser feita sempre com base na evidência da presença do Espírito Santo e do poder de Deus na vida de quem o prega. Isto, porque a verdadeira fé tem seu fundamento legítimo, não na capacidade de persuasão da sabedoria humana, mas na experiência pessoal do poder de Deus.

Realizar a obra de Deus e andar no Espírito como Ele quer (Gl 5:16), exige de nós um ato da vontade. Paulo decidiu que não iria valer-se de sua sabedoria humana para compartilhar o evangelho com os gentios (1 Co 2:1-5). Ora, a decisão de andar no Espírito implica a decisão de negar-se a si mesmo, tomar dia a dia a cruz, e caminhar, junto a Cristo, rumo à morte do eu (Lc 9:23). Por isso, Paulo fez, voluntariamente, a escolha de andar entre eles em fraqueza, temor e grande tremor. Ele tinha uma razão muito forte para tomar esta decisão. Não queria que a fé daqueles novos irmãos se apoiasse sobre a sua capacidade humana. Ele sabia que poderia convencer a muitos com sua sabedoria, mas deliberadamente escolheu outro alicerce muito mais sólido: o poder de Deus.

Pela falta desta escolha, muitos, hoje em dia, tem experimentado desilusões com sua fé.


O fracasso de um líder, não raras vezes, implica a queda de muitos de seus liderados. Na verdade, o grande problema é exatamente o fato de a fé estar alicerçada, não sobre o poder de Deus, mas sobre a sabedoria humana de líderes falíveis.

Uma única coisa é necessária para a firmeza da fé. O conhecimento experimental de Jesus Cristo, e este crucificado. Busquemos, pois, dia a dia, aumentar este conhecimento, e para isso, tomemos a decisão sábia do apóstolo Paulo: Andemos entre os homens, aos quais temos o dever de testemunhar, em fraqueza, temor e tremor, pois “a intimidade do Senhor é para aqueles que o temem” (Sl 25:14). E, o seu poder “se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9).

Que Deus nos abençoe.


Rev. Renato Barbosa