domingo, 26 de outubro de 2008

Lutero e a Reforma Protestante

No dia 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martin Luther, entre nós conhecido como Martinho Lutero, começou, quase que sem querer, o que ficou historicamente conhecido como a Reforma Protestante. Digo quase sem querer, porque Lutero não desejava dividir a igreja, e não planejou o que aconteceu posteriormente. Prova disso é que suas teses foram escritas em latim e eram um convite ao debate teológico, dirigido a outros monges e autoridades religiosas, com o único objetivo de levar a igreja a repensar sua prática e a corrigir-se diante de Deus e do povo. Sua principal preocupação era a venda das indulgências.

A indulgência é a remissão (parcial ou total) do castigo temporal imputado a alguém por conta dos seus pecados. Naquele tempo qualquer pessoa poderia comprar uma indulgência, quer para si mesmo, quer para um parente já morto que estivesse no Purgatório. O frade Johann Tetzel fora recrutado para viajar através dos territórios episcopais do arcebispo Alberto de Mogúncia, promovendo e vendendo indulgências com o objetivo de financiar as reformas da Basílica de São Pedro, em Roma.

Lutero viu este tráfico de indulgências como um abuso que poderia confundir as pessoas e levá-las a confiar apenas nas indulgências, deixando de lado a confissão e o arrependimento verdadeiros. Proferiu, então, três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Segundo a tradição, a 31 de outubro de 1517 foram pregados as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Essas teses condenavam a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso, e pediam um debate teológico sobre o que as Indulgências significavam. Para todos os efeitos, contudo, nelas Lutero não questionava diretamente a autoridade do Papa para conceder as tais indulgências.

As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas se haviam espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses, por toda a Europa. Este foi o primeiro episódio da História em que a imprensa teve papel fundamental, pois facilita a distribuição simples e ampla de qualquer documento.


(
http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero)

Atualmente vemos que a necessidade de repensar as práticas da igreja é urgente. Não temos mais ninguém vendendo indulgências pelas ruas, mas temos pregadores indulgentes e milionários, diga-se de passagem, oferecendo todo tipo de benefício espiritual e material, em troca de uma oferta generosa. Temos pregadores, estrelas da mídia, cobrando R$ 6.000,00 (sim, seis mil reais!) por uma mensagem cuja cópia depois é vendida pelo preço módico de aproximadamente R$ 30,00 a unidade. Fazem isso esquecidos de que a Palavra de Deus diz: “... de graça recebestes de graça daí...”. Ainda gastam um tempão na mídia ameaçando com todas as pragas do inferno os que não respeitarem seus direitos autorais sobre a inspiração do sermão pregado no DVD e piratearem a Palavra, que deixou de pertencer a Deus, e agora é propriedade autoral dos mesmos.

Lutero amava a Deus, amava a Palavra de Deus e amava a igreja. Foi excomungado, perseguido e até hoje é difamado em certos círculos que não admitem a reforma da igreja, porque ela tira dos que estão lucrando com o erro e o pecado suas fontes de lucro. Também hoje, muitos dos que amam a Deus, amam a Palavra de Deus, e amam a igreja estão em muitos lugares sendo perseguidos e difamados, pois com a reforma da igreja, têm a possibilidade de tirar dos que estão lucrando, com decadência moral e espiritual, sua principal fonte de lucro.

Busquemos em Deus a sabedoria para perceber o que precisa ser mudado em nossa prática eclesiástica, e a coragem para mudar o que ele nos revelar.

Que Deus nos abençoe.

Rev. Renato Barbosa

sábado, 18 de outubro de 2008

Guardando o que é essencial.

"Guardo no coração a Tua
Palavra para não pecar contra Ti".
Sl 119:11

Quem guarda alguma coisa busca tanto a sua preservação quanto a possibilidade de conservar a posse. Independente de classe social, cor, raça, nacionalidade e qualquer outro diferencial humano que se queira pensar, cada pessoa têm valores, objetivos ou subjetivos, que deseja guardar.

O salmista não era diferente quanto a isso. Ele também tinha o que guardar. Ao contrário de tantos outros, porém, ele guardava algo que muitos dos que se dizem cristãos desprezam: a Palavra de Deus. Quando digo que muitos desprezam, refiro-me ao pouco ou nenhum esforço realizado pelo povo de Deus para interiorizar a Palavra, através da leitura, reflexão e esforço de memorização.

É fácil verificar, na prática, a realidade do que estou dizendo. Basta tão somente uma volta pelo interior dos templos, após os cultos de domingo à noite. Em muitas igrejas os zeladores são obrigados a recolher e guardar Bíblias esquecidas, cujos donos, às vezes, passam a semana inteira sem dar pela falta das mesmas.


Ora, o salmista guardava a Palavra de Deus em lugar especial: “no coração”. Ele tinha também um objetivo muito especial para assim fazer: “não pecar contra Ti”. Entre os homens é comum guardar valores monetários em bancos ou cofres, com o objetivo de evitar as perdas ocasionadas pelo roubo. Isso tem sua contrapartida espiritual. O Senhor Jesus ensinou que a “semente” é a Palavra de Deus. “A que caiu a beira do caminho são os que a ouviram; vem a seguir o diabo e arrebata-lhes do coração a Palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos“ (Mt 8;11-12).

A Palavra de Deus é semente preciosa que germina e gera frutos, produz uma qualidade de vida diferente. Uma vida marcada por valores divinos, através da qual Cristo é glorificado, sua igreja é edificada e o mundo alcançado de forma eficiente através do testemunho de servos transformados. Isso é tudo o que Satanás não quer, por isso ele vai continuar investindo esforços para que você “esqueça” a Palavra de Deus no templo, ao invés de guardá-la cuidadosamente no coração.

Invista em você mesmo! Guarde a Palavra de Deus no coração e viva de maneira sobrenatural.
Soli Deo Glória.

Rev. Renato Barbosa

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Combate o bom combate!

Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo
as profecias de que antecipadamente foste objeto:
Combate, firmado nelas, o bom combate, mantendo fé e boa
consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa

consciência vieram a naufragar na fé.
1 Tm 1:18-19

Estamos em guerra. O mundo jaz no maligno (1 Jo 5:19), e cada um de nós foi escolhido por Deus para participar dos combates, dia a dia, até aquele glorioso momento em que, ao soar da trombeta, os anjos anunciarão: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11:15).

É preciso, porém, entender que não fomos chamados para um combate qualquer. Não nos chamou Deus para combatermos uns contra os outros, por causa de opiniões diferentes que possamos ter acerca de quaisquer assuntos, nem mesmo quando essas envolvem detalhes relacionados à sua obra. No que diz respeito ao convívio em sua igreja, ordenou-nos a unidade (João 17:15-21). Portando, o bom combate não nos coloca diante de adversários humanos, mas contra seres espirituais poderosos, que habitam as regiões celestiais (Ef 6:12) e que, exercem um alto grau de controle sobre este mundo em que vivemos.

Como nossos adversários não são humanos, não podemos pretender vencê-los se insistirmos em usar recursos humanos. O apóstolo Paulo nos ensina que nossas armas não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando sofismas e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10:4-5).

Ora, isto significa que tais fortalezas satânicas se encontram na mente do homem, pois é lá que estão alojados os pensamentos que devem ser feitos prisioneiros obedientes de Cristo. Fortalezas são, portanto, as convicções anti-bíblicas que satanás introduz na mente dos homens, e que lhe permite controlar, até certo ponto, o seu comportamento, levando-os ao pecado e a uma vida de derrotas.

Tais fortificações satânicas existem nas mentes dos incrédulos em grande abundância, mas podem também existir nas mentes dos cristãos. É por isso que o apóstolo orienta-nos a nos transformarmos pela renovação da nossa mente (Rm 12:1-2).

Toda desavença entre crentes pode ter por trás de si uma fortaleza satânica. De acordo com Tiago, nossas guerras e contendas procedem de prazeres que militam em nossa carne, aos quais nos apegamos, e que ele qualifica como inimizade contra Deus (Tg 4:1-10).

Outro sinal indicativo da existência de fortalezas, ou padrões de pensamento contrários à Palavra de Deus, profundamente arraigados na mente de muitos cristãos, é sua profunda recusa em acreditar que Deus possa usá-los em sua obra, em função das condições e limitações específicas de suas vidas.

Satanás faz de tudo para que acreditem que não são capazes de realizar os desafios que a obra de Deus lhes propõe. E muitos, ignorando as promessas de Deus, esquecem-se que: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:13) e chegam a passar anos a fio, sem testemunhar verbalmente acerca do amor de Cristo.

Outra evidência da existência de fortalezas satânicas é o pouco caso de muitos com relação aos imperativos divinos relacionados à santidade pessoal. Ter uma consciência tranqüila diante de Deus é essencial para uma vida vitoriosa.

Quantos têm vivido em dissoluções e contendas, criticando, ferindo, tornando a vida dos outros insuportável com suas práticas pecaminosas, seus gritos, suas calúnias, suas maledicências de toda sorte, enquanto crêem que, por terem se batizado em uma igreja evangélica, Deus está do seu lado e ignora seus padrões de vida pecaminosos. Triste ilusão, pois a maneira como tratamos os filhos de Deus a quem vemos, é sinal claro de como tratamos o próprio Deus a quem não vemos (Jo 4:20).

É, pois, imprescindível levar tais padrões de pensamento cativos a presença de Cristo. O apóstolo João nos adverte sobre a necessidade de não nos deixarmos enganar pelo diabo. E o sinal claro da evidência é “... aquele que pratica o pecado procede do diabo” (1Jo 3:7-8). Ter uma boa consciência é ter paz com Deus. Muitas vezes, por medo, ninguém nos diz onde estamos errando. Nosso coração, porém, é implacável, basta sondá-lo para descobrirmos a verdade (1 Jo 3:18-20)

A boa consciência é como o barquinho que, em meio as ondas do mar revolto, nos permite travar os maiores combates, sem o risco de naufragar. Se mantivermos boa consciência, atravessaremos o mar da vida, combateremos o bom combate, conquistaremos vitórias importantes para o reino de Deus, seremos frutíferos e realizaremos as obras que Deus nos confiou. Ao fim, sem perder, nem a calma nem a esperança, com uma fé inabalável, aportaremos em segurança, em uma praia de águas mansas e límpidas, onde o Salvador, de braços abertos, nos receberá dizendo: “... Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo (Mt 25:34). Soli Deo Glória.


Rev. Renato Barbosa